sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Descobri recentemente que o maior desafio de estar vivo não é ter uma carreira profissional bem sucedida, um casamento exitoso, mas lidar com as emoções.


Nós somos expert em fazer escolhas equivocadas. Isso é regra e não uma exceção. Todos erramos, todos fazemos merda, pisamos na bola, damos uma de babaca ou como queira chamar. Você não é o único que escolheu muuuuuito errado. Já escolhi também, assim como seus colegas de trabalho, de classe (esses, se ainda não escolheram errado, escolherão). Faz parte da vida.

Completei 29 anos essa semana e precisei de quase três décadas pra aprender uma lição importante: todos erramos muito feio alguma (s) veze (s) na vida e isso acontece porque a gente chega nesse mundo sem nenhum manual de instrução e totalmente despreparados. Sendo assim, temos todo o direito de errar e de errar várias vezes. 

Entenda o erro, nesse caso, como uma escolha que foi feita com o objetivo de acertar, de se divertir, de não querer passar trabalho, de querer se dar bem, tudo isso sem ter em vista prejudicar alguém, em nenhum sentido. Os erros que cometemos com o objetivo de magoar ou prejudicar alguém - quando os cometemos motivados por raiva ou mágoa -, motivados por má fé, são erros que podem ser repensados porque sempre existe uma maneira pacífica de resolver um conflito, uma dor. Ambos fazem parte da vida e a maturidade vai te ensinar a lidar com eles sem querer a cabeça de alguém.

Aqui estou me referindo ao erro que percebemos no andar da carruagem, quando a escolha foi feita motivada por boas intensões, mas, no meio do caminho, começamos a sentir o fedor da escolha equivocada. Nesse caso, melhor parar a carruagem, né. 

"Errar é humano" não é apenas um ditado pra encher linguiça em lições de moral. O erro existe porque chegamos nesse mundo com um despreparo total sobre convivência, relações humanas, emoções. Viver é trabalhoso e viver bem ainda mais. 

Nosso desenvolvimento psicomotor acontece em paralelo à compreensão sobre a razão de ser das coisas da vida (essa, claro, acontece muitos anos depois de a gente aprender a andar de bicicleta, entrar na faculdade. Pra alguns, uma vida toda se passa e a razão de ser das coisas não é descoberta). 

Descobri recentemente que o maior desafio de estar vivo não é ter uma carreira profissional bem sucedida, um casamento exitoso, mas lidar com as emoções. 

Será que eu sinto a raiva, o ciúme, o orgulho, a inveja igual você sente? Não sei. Também nunca ninguém conversou abertamente comigo sobre as emoções. Fui descobrindo sensações sentindo. Na maioria das vezes eu só sentia o desconforto, o pesar, o embrulho, mas não entendo direito o que acontece e, principalmente, porque acontece. 

Eu não sei se isso acontece com todo mundo. Mas se acontece contigo, te digo pra não te desesperares. A gente é despreparado pra lidar com as emoções e por isso temos comportamentos que nos levam ao erro e fazemos escolhas equivocadas.  

Acredito que não saber lidar com as emoções é o nosso maior desafio e a razão de ser da maioria dos nossos problemas. 

A carência afetiva, a solidão nos fazem mergulhar de cabeça em relacionamentos inconsistentes e prejudiciais à nossa saúde emocional. 

O orgulho nos faz parar de falar com pessoas queridas. 

A inveja prejudica amizades. 

A raiva propicia violência. 

Os erros acontecem porque a maior parte do tempo agimos motivados pelas emoções sem ter consciência de que isso está acontecendo. Tomamos decisões emocionais e não racionais porque no calor do momento é difícil ser ponderável. 

É desafiador compreender nossas emoções no pico de sua presença, dar uma pausa, refletir rapidamente sobre elas e evitar as decisões precipitadas. 

Na infância, ouvi uma historinha de uma briga entre amigas cuja moral da história era "esperar a raiva secar". A narrativa faz uma analogia à roupa suja de lama. A lama sai mais fácil do tecido quando seca e vira areia. Daí é só espanar a roupa. Daí é só espanar a raiva e o desentendimento é resolvido sem violência. 

No mundo dos negócios a gente trata isso como gestão de risco e, como uma empresa pra qual trabalhei prega, isso é investir na qualidade das relações. 

O mais importante nisso tudo é reconhecer que erramos porque somos uns despreparados e temos que aprender na marra. Aprender a lidar com as emoções já é um bom começo. Economiza energia e poupa estresse. Pra quem tem dificuldade de perceber suas emoções e refletir sobre elas, a conversa sempre ajuda. O psicólogo também. Eles têm me ajudado.